domingo, 15 de janeiro de 2012

Admirável mundo novo

Por Luiz Eduardo Silva Parreira

Quando os canhões alemães e italianos silenciaram-se, entre 1870 e 1871, o mundo de então entrava numa nova era de equilíbrio de forças. Naquela época o oriente – médio e extremo – não passava de colônias, de terras a serem administradas pelas metrópoles coloniais.
Fruto desse equilíbrio, as nações começaram movimentos de tomada de espaços geopolíticos que culminaram, dentre entre outros fatores, na I Guerra Mundial. Tão devastadora em suas conseqüências – muito em razão das novas armas ali testadas e apresentadas – que chegou-se a denominar aquele conflito como o último no qual a humanidade se digladiaria. Uma romântica esperança que morreu definitivamente em 1939, com os tiros do encouraçado alemão Schleswig-Holstein contra a cidade de Danzig (atual Gdansk), na Polônia: a Segunda Guerra Mundial, o maior conflito visto pelo homem.


Forças norte-americanas sobrevoam a baía de Tóquio, em 2 de setembro de 1945.
Em destaque o encouraçado Missouri. Fonte: American Veteran Center

Quando a segunda grande guerra terminou, em 1945, o eixo de poder mundial ainda continuava na Europa, agora temperado com o perigo da guerra nuclear. Foi a época da Guerra Fria e suas poderosas alianças militares: a OTAN e o Pacto de Varsóvia. No entanto, mesmo assim, as decisões ainda orbitavam interesses no Velho Continente.

Mas a recente declaração dos Estados Unidos, do início de 2012, de diminuição de seus arsenais de algumas partes do mundo, mas reforçando-as na Coreia e Oriente Médio, deixa claro que a Europa ainda será um teatro de operações importante; contudo, é o leste do mundo que será a principal arena de interesses na primeira metade do século XXI.

U.S. Secretary of Defense Leon Panetta details the Defense Strategic Review after it was introduced by U.S. President Barack Obama at the Pentagon. Fonte: WTHC News 

E alguns dos envolvidos sabem disso: a China testa novos caças faz 10 anos e prepara para lançar seu primeiro porta-aviões; a Coreia do Norte aperfeiçoa seu arsenal nuclear; a Índia está no meio de um ambicioso projeto de modernização de suas forças armadas (a quarta maior potência militar do mundo); a Rússia reforçando sua presença ao leste do país, na Península de Kamchatka; o Japão (outra força poderosa na região, com forças armadas bem preparadas, tecnologicamente avançadas e mais de 400 mil homens), mesmo depois da devastação do terremoto e tsunami do ano passado, apresentou seu programa de aeronaves stealth e renovação de parte de seu arsenal; o Irã compra mísseis antiaéreos russos, negocia com chineses contratos militares e age de maneira hostil contra forças superiores, o que deixa um ar suspeito no ar ...

Projeto stealth japonês. Fonte: defense.pk

Só por esses breves comentários, sem sombra de dúvidas, percebe-se que o tabuleiro de xadrez desse novo milênio, apesar de novo, já começou a mexer suas peças. Não se tem como prever aonde chegarão os movimentos geopolíticos feitos agora. A única certeza é que eles darão o tom das conversações que nossos filhos e netos ouvirão.



Parte dos novos cenários mundiais no século XXI: China, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Rússia e Japão.
Os Estados Unidos têm bases militares na Coreia do Sul e no Japão.

Obs.: Admirável mundo novo é o título de uma obra de Aldous Huxley (1894 - 1963), de 1932, onde narrava um futuro cinza para a humanidade.